April 30, 2006

Devaneio Nostálgico

Galopando por entre os espaços vazios da minha mente, revejo todos os sentires amargurados e tristezas deixadas nesta caminhada sem razão. Analiso, passo a passo, o meu mundo, as friezas, os toques, os sentires e a demagogia da devassidão. Coloco as vírgulas em todas as linhas do meu mote, pontos finais em todas as frases e reticências nos meus sonhos... A pontuação não chega para aplacar, a dor vivida em cada linha, em cada palavra deste labirinto do sentir. Suores e cheiros ficam no ar, arrependimento e lágrimas misturam-se em sabores e delírios, num horizonte tangível... mas não visível. Esqueço o compasso do relógio, as horas atormentam a minha ira e, durante o dia, olho para esta casa vazia, vazia da presença sufocadora das amarras do meu amar. Abro as portas, fecho-as e não vejo a calçada da minha ilusão... Estilhaços apenas do meu próprio coração, jazem no chão... Meu Deus! Que vazio sentido, esvaziando o sentir dilacerado das manhãs submersas em sonhos e cansaços, das madrugadas acordadas em redor do teu olhar! Meu Deus! Que nostalgia insana vive no meu reino, abraçada à esperança de um eterno amar. Sorrisos pairam no ar e eu, continuo a vegetar nas manhãs de sonhos teus, esperançada que ao acordar, tenha sido apenas um devaneio dos meus! Que percurso estranho pairou no ar... um sentir que se perdeu numa noite de breu. Onde estão os toques com amor e desejo da alma que salpicam a emoção? Onde estão os alicerces incondicionados dos discursos esfarrapados, das promessas, da ilusão? Onde estão os pequenos pedaços de mim que se espalham, mais uma vez, pelo universo sem fim?!
Mordo as palavras que os meus lábios silenciam para não mais magoar a essência deste sentir. Questiono linha a linha e não respondo às perguntas que o sentimento encerra. As respostas sombrias e vazias estão nos olhos da minha alma, nas pálpebras de uma flor que se abriu para o norte. Agora, em silêncio, inspiro a vida num trago, lamentando o meu fado... até à hora da minha morte! Morte, morte do corpo e da alma, da vida!... Resta apenas uma palma que dura um tempo sem fim. Será que amanhã, quando acordares... ainda te lembrarás de mim?!