January 31, 2006

Princesa da alma

Princesa da alma, queria ser
para poder ler o teu refrão
saber todos os acordes do teu viver
e cantar-te uma linda canção!
Princesa da noite, para te adormecer
encostado ao meu coração
sorrir, em silêncio, para te ver
a viajar em toda a tua dimensão!
Mas não sou Princesa
para que possa manter acesa
a chama assim sentida...
Nem a alma consigo ler
mesmo que possa querer
pertencer, para sempre, à tua vida!

Quando eu voltar...

Quando eu voltar
que se alongue sobre o mar
este canto ao criador
que me deu vida e amor
para voltar...
Voltar, sentir-me de novo a divagar
nas imensidões dos dias
que contemplam maresias
e cantos uníssonos
de um longo passear...
Voltar, espalhar palavras no ar
sorrisos em desejos lentos
que dão forma aos momentos
e aos enigmas crescentes
que revestem o meu voltar...
Voltar, libertar-me do meu pensar
que acorda o meu coração
envolto numa canção
à espera que um novo amanhecer
me faça enfim, voltar...
Voltar, apenas se eu desejar
viver tudo outra vez
fazer com que o sonho faça o que não fez
durante toda a eternidade
esperando sempre o meu regressar!

Pensamento

O sol deixou de brilhar,
Faz frio… lá fora a chuva não cai…
O céu está escuro e a luz quase se apaga
Sem estar acesa!
Um certo sabor a mar, invade as ruas… tanta gente!
O desejo cresce cada vez com mais força… e que força
Mas uma barreira invisível separa-me de mim!
A saudade enche o meu coração
E nem consigo pensar,
Apenas desvaneço neste lugar
Escuro e frio do canto do noite!
Os cavalos seguem o seu trilho sem cessar…
As estrelas brilham sem parar…
A vida continua a passar neste imenso etéreo…
O horizonte parece-me mais perto
O caminho desaparece e vejo duas gaivotas
Voando cada qual em seu mundo
Descobrindo coisas novas,
Descobrindo a razão de ser e de existir!

Assim é a nossa vida!

January 29, 2006

Devaneio érótico

Sinto apenas o gélido toque da tua mão
A percorrer-me todo o meu corpo
Os nossos peitos abraçados no chão
Ecos de gemidos no ar, esbatidos de sufoco...
Uma paleta de palpitações sinto no meu coração
O teu cheiro sublime a côco...
Criam um desejo em escalada, uma ilusão
Um devaneio erótico e louco!
Delicio-me apenas a sentir
Ao som de uma música a fluir
Desejos e fantasias no ar...
E o pôr-do-sol assaz intenso
Quebra um horizonte imenso
Fazendo-me apenas acordar......

January 21, 2006

Reflexos da ilusão

Sinto um arrepio nas entranhas do meu ser
Uma vontade imensa de tornar o tempo ausente
Estar acordada e jamais adormecer
Deleitar-me nos devaneios da minha mente…
Sentir o palpitar do meu coração, a engrandecer
Sentimento longínquo, mas sempre presente
Que me faz realmente querer viver
E sentir o que ninguém mais sente.
Abafo o meu ofegante respirar
Para que me possa sempre lembrar
As odisseias do meu coração…
Que muitas vezes armadilham o sentir
Levando-me a querer desistir
Destes momentos que podem ser, apenas, reflexos da ilusão...

Tempo envergonhado

Lá longe, a sombra do passado
Trás recordações de um simples querer
Esquecido, triste e estilhaçado
Pelo tempo que o fez morrer.
E o mar, assaz esperançado
Por sentir de novo esse viver
Pintou um imenso céu alaranjado
Na simplicidade de um entardecer.
E o tempo, que o fez morrer,
Deixou-se entristecer
E sentiu-se envergonhado…
Por pensar que este sofrer
Poderia arrefecer,
O sentimento de ser-se amado...

Mistério do olhar

Vi a profundeza do teu olhar
Na brisa de uma paixão
Deixei-me por ele viajar
Rolando nossos corpos no chão.
Não queria deixar de amar
A imensidão do teu coração
Mas os teus olhos continuaram a chorar
Mostrando a tua dor sem consolação.
Continuarei em silêncio, a olhar a tua ferida
Acalentarei a tua alma querida
Que sofre sem tréguas cessar.
Estarás no meu pensamento
Ontem, hoje e em qualquer momento
Pelo mistério do teu olhar…

Um coração que sente...

O teu olhar fixo, algures no mar
viaja até ao paraíso,
Arrancando pétala a pétala
De uma vida séria, que em sorrisos esconde
Devaneios e sentires amordaçados não sei onde!
Vais juntando pouco a pouco,
Lá longe, no espaço efémero da tua mente
Em silêncios sombrios, repletos de esperança
Um lugar que só tu, certamente conheces
Pedaços do teu retrato de criança.
Esperas um pôr-do-sol diferente…
Não vês ninguém, a não ser o tempo
Que caminha a teu lado, sussurrando
Orientando-te sempre que precisas
Pelas lindas melodias que vais brotando…
Os teus olhos pedem mais,
Os teus lábios, um eterno desejo…
De um jardim imenso onde possas pensar
Onde vale a pena sonhar!
Fazendo o teu espírito ateu acreditar!
Pedes que o Sol ilumine a tua vida
Desabafas com o vento e com as montanhas,
Com os rios e com as plantas
A imensidão da tua mágoa
E a noite fica… transbordante de água!

January 08, 2006

Guerreiro da Luz

O Guerreiro da Luz conhece a importância da intuição.
No meio da batalha, não tem tempo para pensar nos golpes do inimigo - então usa o seu instinto e obedece ao seu anjo.
Nos tempos de paz, decifra os sinais que Deus lhe envia.
As pessoas dizem: "Está louco!"
Ou então: "Vive num mundo de fantasia!"
Ou ainda: "Como pode confiar em coisas que não têm lógica?"
Mas o guerreiro sabe que a intuição é o alfabeto de Deus e continua a escutar o vento e a falar com as estrelas.

Paulo Coelho: Manual do Guerreiro da Luz
© Luis Royo: The Labyrinth Tarot (King of Swords)

January 05, 2006

Reflexos do meu Eu

E aqui viajo nos derradeiros momentos que tenho na memória
Em viagens e batalhas dos reflexos do meu EU
Eternizo os cálidos amplexos de desejos em vitória
Rasgando, pouco a pouco, aquilo que não é meu!
Fico à espera que a água jorre, contraditória
Inundando palavras prometidas em noites de breu
Apago a linha do horizonte, da minha história
Singelas recordações do meu espírito ateu!
Saboreio o meu cabelo despenteado ao vento
Esperando que o abraço que teço neste momento
Seja o hino de todas as minhas fantasias!
Não, não me deixes vaguear ao som da minha morte
Deixa escrito uma linha apenas ou num mote
As ilusões das minhas nostalgias!