Se eu morrer, amanhã…

Se eu morrer, amanhã, ao vento vou pedir
Que te sopre um sorriso ao amanhecer
Para te poderes lembrar de sorrir
Mesmo não estando aqui para te ver.
Se eu morrer, amanhã, vou fazer a chuva cair
Para que possa do teu rosto esconder
As lágrimas ocultas que a tua face deixa cair
Pela tristeza de todo o teu sofrer.
Vou fazer com que todas as flores,
Encham a tua vida de odores
E te libertem dessa saudade.
Vou rezar para que um dia,
Se esgote essa tua nostalgia
E comigo, caminhes para toda a eternidade.

Apenas dois minutos…

Estranho compasso, das horas que passam
Tempo que arde e teima em passar
Em dias e em noites que esvoaçam
Minutos e segundos numa vida sem parar.
Compasso das noites, que amordaçam
Caminho sereno e mágico luar
Sombrios silêncios que ameaçam
Não ter tempo sequer, para me abraçar.
Quantas vezes até já me esqueci
Dos segundos ou minutos que vivi
Para depois, me poder lembrar!
Quantas noites sonhei em meus pecados
Tempos ardidos e passados…
Querendo apenas dois minutos para amar!

Tu... és assim!

Vives sempre a flutuar
em sentires, fugas e devaneios
em sonhos de azul-mar
em sonetos repletos de anseios.
Dizes sempre a cantarolar
palavras e versos, sem freios
raízes que no teu navegar
semeiam pétalas de rosas, sem receios.
E assim, um paraíso se ergue de sabores
quando usas da paleta, todas as cores
inebriando um cheiro peculiar de jasmim...
Criam-se formas, luzes em todo o lugar
que me fazem cada vez mais acreditar,
que tu... és, simplesmente, assim!

Conversas com o meu Anjo

Ontem, com um Anjo, sobre ti falei.
Da tua dor, da saudade e o teu amar
Daqueles segundos todos em que errei
E, também, de todos aqueles que me faltam errar...
Ontem, mil e uma lágrimas chorei
Abraçada a esta mágoa que paira no ar
E, por momentos de ânsia, pensei
Ouvir a tua voz, o meu nome chamar...
Não, disse-me o Anjo baixinho:
"Segue apenas o caminho
que está dentro do teu coração"
"Pára de tentar fugir,
E a ti própria de mentir
Porque a felicidade, é muito mais do que a razão!"

Sinto falta....

Sinto falta, do teu rosto, do teu olhar,
Olhar profundo e carinhoso
Procurando ler nas entrelinhas do amar
O meu lado rebelde, mas afectuoso…
Sinto falta da tua boca, do teu beijar
Beijos perdidos, no meu corpo desejoso
Procurando as melodias de um tocar
Nas pautas de um som harmonioso…
Sinto falta da tua voz, apenas
Das palavras que em manhãs amenas
Libertas em sussurros de serenidade
Sinto falta do teu riso, contagiante
Que ilumina a minha vida alucinante
E ecoa, por toda a eternidade…

Ruídos e Silêncios…

Ah! Sorte macabra desta vida
Que arrancas pedaços do sentir
Em trocadilhos de palavras traída
Jogos e mentiras para fugir…
Torna-se mais fácil, assim, a saída
Ocultas-te nua, no teu fingir
Proteges a tua alma (sempre) partida
E juras jamais poder vir a sorrir!
Desencantada da vida e de tudo
Encosto-me moribunda no meu escudo
E espero a tempestade passar…
Pois sei de cor, detalhes grandes que são teus
Ruídos e silêncios que também são meus
E que ainda gritam esperançosos, neste nosso voar!

Na linha do horizonte… sonhei!

Sentada na linha do horizonte, desta vida
Olhei à volta e nada parecia o que era
Pensei, por momentos estar perdida
Envolta no sufoco de uma outra esfera…
Fechei os olhos, para deixar de ver a minha ferida
Deixar de sentir, esta vida assim austera
Que irradia um pôr-do-sol na despedida
Para me fazer crer, numa outra quimera!
Abri o meu coração e acreditei
Feliz comigo e com tudo aquilo que amei
Que tudo isto um dia iria passar…
Um dia, sei que irei compreender
Que a razão de todo este meu perder
Anuncia um castelo onde reina o meu sonhar!

(Para ti...Sílvia)

Eu daria tudo...

Na calçada de um sonho perdido
procuro os retalhos do meu ser
retalhos que queria ter esquecido
logo depois do meu nascer...
Sou como um pássaro ferido
no colo de um entardecer
que em silêncio tem ouvido
as lágrimas do meu sofrer...
Eu daria tudo para recomeçar
voltar novamente a acreditar
nas mil e uma noites do além
Eu daria tudo para apagar
as frases soltas do meu amar
pois sem ti, não sou ninguém...

Lágrimas do tempo...

Estas lágrimas que teimam em cair
São lágrimas de um doce sofrer
Silenciado nos horizontes de um sentir
Sentidas num tempo que as fez morrer...
São lágrimas de um tempo que há-de vir
Ou de um tempo que passou a correr
Por entre os segundos de um partir
Ou na neblina submersa de um amanhecer...
São lágrimas, simplesmente!
Escondidas num espaço da minha mente
No qual procuro uma razão
São lágrimas que brotam de uma fonte
Criando no meu sonho, uma ponte
Nas ruas, da minha própria escuridão....

Prisioneiro Escorpião

Quem és tu que escondes sem cessar
os receios e medos de um viver?
Quem és tu que sonhas em voar
se no chão nao te sabes mover?
Quem és tu que temes olhar
para as feridas que te fazem sofrer?
Quem és tu que entristeces o mar
com as lágrimas ocultas no teu ser?
Tu serás mais do que alguém
que já não procura ninguém
a não ser o seu próprio coração
Tu terás mais o que fazer
que deixar-te assim morrer
como um Prisoneiro Escorpião!

Acreditas em anjos??

Pensei que nada mudasse na minha vida
Procurei-te em todos os parcos lugares
Encontrei-te numa porta fechada, sem saída
Procurando um olhar entre mil olhares
De costas viradas para o mundo, na subida
Olhei-te com meus olhos de sabor a mares
Peguei-te nos teus braços, dei-te guarida
Aninhei-te a meu lado, para chorares…
Fiz-te acreditar na luz do sol
Fiz-te pensar que era o teu farol
Numa melodia ainda sem arranjos…
Despertei em ti um singelo amar
Mas eu só te queria perguntar
Se tu… acreditas em anjos?